Desencontro marcado para um reencontro esperado.
Sobreponho a vontade de ir, a ficar, para uma aventura
inesperada. Se fico aqui a contemplar a água e o céu é porque tenho de o fazer.
A incerteza de estar e não estar amarrado a um súbito encontro inesperado,
certamente que faz crescer a vontade de partir. Mas para onde?
Na escuridão cinzenta, os sinos ecoam horas estridentes na
distância percorrida por vazios preenchidos de nada, ou tudo. Perfeito:
árvores, pássaros, casas, montes, vales e rio. Nas suas margens aguardo a
partida, a chegada; quem sabe o que aguardar na aurora, ou no anoitecer. A
sonoridade do bronze esculpido que enche o ar e me chama para um lamento, para
um silêncio ininterrupto, consequente na paz.
A inócua leveza da brisa afagando nossos seres, permite-te
erguer contra a certeza que hoje, no amanhã não será certa. Certo será a margem
onde habitas, onde ages. Onde procuras significado para a vida, que te rodeia e
levas. Essa espera por ti a cada dia, a cada hora. Ela não se revolta, não
espera nada de ti; apenas agradece a tua chegada, a tua permanência, e a tua
partida. A luz esvanece-se a um ritmo brando, suave, esperando o momento de
agraciar-te na noite serena do rejuvenescimento do mundo.
A teu lado: gaivotas, pássaros e patos aninham-se para recuperarem o fôlego de um novo dia. eles acompanham-te, acocorados ou flutuando na água e beira rio. Aguardam. E tu aguardas o momento de partires. Revolto, zangado, o cheiro do espaço penetra abruptamente a cada inspiração, relaxa a cada expiração. Chora, o mundo precisa de ti!