segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A espera desespera P.III



Ambiciona mais, mas mais não sabe neste momento, replica o que muitos lhe dizem quando almeja por mais. Não sente. Os olhos não vibram, não espelham o seu desejo maior. No parque passa, ao shopping vai. Sem compras, nem as montras suscitam o freio no seu passo ou atenção. Olha, procura, vê as pessoas no corrupio, nas compras, no café instantâneo para partirem aos afazeres suspensos.
Ao ar livre a paz envolve-a, desprende-se da vida extinguida na materialidade das imagens produzidas. No percurso estimulado das pessoas, observadas, encontra um rosto familiar. Rebeca, em sentido contrário, sua amiga das mais chegadas que ornamentam a sua vida. Reluz o rosto, desabrocha a beleza do seu mundo, do seu ser. Alegria e prazer de viver. Rebeca surpreendida por a ver, abre no sorriso os braços acolhedores e extasiados. Na distância reconhecem-se.
Rebeca é psicóloga, esotérica; onde entra a paz reina e a desordem ganha ordem sem lei. Automaticamente todos sabem o que fazer e como estar. Em si, a confiança, a certeza do que fazer. Soraia, questiona-se porque não partilha com ela o que sente, porque não a procura mais vezes. Rebeca marca quem conhece apenas uma vez.
Por fim, frente a frente. Cumprimentam-se e num abraço sentido do tempo afastado da ausência vivida, um convite para um café ao qual Soraia diz não ter disponibilidade, das perguntas habituais com as respostas convencionais, sem abrir qualquer consciência do que vive no momento. Vinte minutos passam sem darem por isso, Rebeca insiste no café, Soraia, com o cronómetro a contar, diz que telefona para marcar noutro dia. No seu íntimo sente-se nua, como veio ao mundo; o filho está de saída, segunda certeza do dia.
A amiga não insiste e relembra-a do telefonema para se voltarem a encontrar. No adeus, até já. A experiência da vida permite-se a dizer o que Soraia sempre soube. “Se precisares de companhia, diz”. Os seus caminhos separam-se, seguem o rumo individual comunitário de todos os que têm que fazer algo, mesmo sem saberem o quê. No perpétuo movimento da distância Soraia atinge a plenitude incompleta. A caminhar para o filho, reflecte sobre o porquê de não ter aberto mão do que sente com a amiga, se confia nela o que a deteve a falar, de assumir o que sente, o seu conselho seria proveitoso. Por que razão não a olham nos olhos e liberta o seu ser.


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